sábado, 5 de fevereiro de 2011

Nem tanta volúpia

Ao contrário de sua personagem na trama das 21h, Deborah Secco se diz tímida e não se reconhece como uma mulher sedutora
Imagem não é tudo, quer fazer crer Deborah Secco. Magra, muuuito magra, e malhada, ela se livra dos saltos altíssimos assim que termina de fotografar para a matéria. Tipo mignon, afirma não ser nada daquilo que a TV insiste em mostrar. No horário nobre, em "Insensato coração", sua Natalie Lamour - ex-participante do fictício reality show Volúpia na Montanha - é uma jovem extremamente sexy. A voltagem erótica também estará presente em "Bruna Surfistinha", aguardado longa protagonizado pela atriz, que chega aos cinemas dia 25. Mas ali, na sala de sua casa, Deborah assume ser uma pessoa que poucos conhecem.

"Não sou essa mulher toda, cá entre nós. Encontrei uma amiga depois de uma gravação e ela disse que eu estava irreconhecível. Cresço no vídeo. Sei interpretar a sensualidade dos meus personagens a ponto de as pessoas confundirem", avalia Deborah, que dá exemplo das grandes diferenças que a separam de Natalie. "Para fazer uma pessoa sexy como ela eu mudo tudo, até a voz. Boto uns agudos que não uso muito na minha vida. E deixo de ser curvada. Atuo de peito aberto, ganho outra postura", conta.

Fora da ficção, a voz rouca da atriz é naturalmente sensual. Mesmo assim, Deborah - que se julga tímida e odeia ser observada - diz ser incapaz de reconhecer qualquer traço sedutor em si mesma.

"Uso roupa larga e não gosto de mostrar o meu corpo. E não me vejo como uma mulher que transpira sensualidade. Sou muito mais meiga do que exuberante. Não conquisto por esse aspecto. E, sim, pela docilidade e meninice", aponta.

Relação com o corpo
A adolescente magrela que cresceu diante das câmeras, posou nua duas vezes, e já declarou em zilhões de entrevistas não gostar do próprio corpo, hoje parece em paz com o espelho. Quer dizer... "Eu tenho muita vergonha desse cabelo (louro muito claro e comprido). Se não tivesse trabalhando, não estaria com ele nem com esse corpo. Com certeza. Prefiro ter barriga de modelo, mais lisa", compara a atriz, que agora ostenta um abdômen tanquinho. "Estou no auge porque a Natalie tem um corpo incrível. E trabalhei bastante por ele".

Sarada depois de engordar oito quilos para o filme sobre a ex-garota de programa que fica famosa ao narrar suas aventuras de alcova na internet, Deborah passa agora, aos 31 anos, por um "processo de autodescoberta". "Sempre fui uma pessoa melosa. Eu sou carente, gosto de ficar abraçada, gosto de dar e receber carinho. Mas com o tempo também aprendi a ficar sozinha".

Deborah faz análise há anos, mas atualmente não tem estado diante do terapeuta com tanta frequência. A atriz encarou uma temporada de solidão voluntariamente no fim de 2009. Ficou trancada num quarto de hotel enquanto rodava o longa de Marcus Baldini, em São Paulo. "Eu tenho muito amor, sempre tive. O mais difícil do filme foi entrar numa região de sentimentos que não conheço".

Mais do que protagonizar cenas de sexo, nudez e consumo de drogas, o mais complicado para ela foi entender esse estado de espírito da personagem, uma garota que foge da casa dos pais adotivos para entrar no mundo da prostituição.

Natalie e Bruna Surfistinha
"Ao contrário da Natalie, que é autoconfiante, a sensualidade da Bruna foi conquistada. De uma hora para outra a personagem descobre que os homens pagam para ficar com ela. As cenas de sexo estão no filme para mostrar que ela sentiu prazer em determinadas situações e foi humilhada em outras", descreve.

A atriz viu de perto a realidade das garotas de programa antes de começar o trabalho e "começou a olhar o ser humano com outros olhos". "Eu sempre fui uma pessoa que busquei não ter pré-conceitos ou julgar os outros, mas hoje tenho um outro entendimento das coisas. Sei que a vida não é generosa com todo mundo. Eu mesma não sou exatamente como gostaria de ser", revela.

A impulsiva Deborah, uma mulher que diz ser guiada pela intuição, hoje afirma ter cada vez mais noção do que quer.

"É muito difícil crescer diante das pessoas, já passei por muitas lições. Quebrei a cara várias vezes. Confiei em pessoas que não deveria. Fiz coisas que jamais faria de novo", lista a atriz, mostrando que ainda erra. "Na semana passada quebrei minha cara de novo e fiquei louca com um determinado fato", diz, misteriosa.

E hoje, quem é a verdadeira Deborah? "Eu sou uma pessoa do silêncio, não gosto muito de falar. Dar uma entrevista como essa é um exercício. Gosto muito de observar os outros. Agora, com a novela, passei a chamar mais atenção. Mas, em geral, as pessoas não me reconhecem. Devem esperar um mulherão. Às vezes chego no Projac e as recepcionistas perguntam meu nome", jura.

Apesar de se dizer mais calada, a atriz também demonstra ser uma mulher de opinião. Daquelas que defendem seu ponto de vista, doa a quem doer. "Quando quero uma coisa não adianta o mundo dizer que estou errada. Escuto o outro, claro. Levo em conta o que o meu marido e os meus amigos têm a dizer. Mas a minha opinião sempre prevalece", afirma a atriz. "Tudo o que aprendi foi com os meus erros. Das vitórias, ganhei troféus, mas não me lembro. Dos meus erros, tiro as grandes lições", filosofa.

Relação à distância
Casada desde junho de 2009 com o jogador de futebol Roger Flores, atualmente no Cruzeiro, Deborah vive entre o Rio e Belo Horizonte, cidade em que o marido trabalha. Ela diz que o casal tem dois endereços. E afirma tirar de letra a relação à distância. Roger morava no Qatar, no Oriente Médio, quando os dois casaram.

"Nunca tive uma relação de outra maneira com ele", conta a atriz, que viveu uma crise no casamento no ano passado, mas garante não ser alvo de ciúme do marido: "Ele confia mais em mim do que eu mesma. E acho que o fato de ele também ser famoso até ajuda. Roger admira o meu trabalho e compreende o que eu faço".

Fora das novelas desde que interpretou a oportunista Maria do Céu de "A favorita" (em 2008), Deborah apareceu nos últimos anos no vídeo apenas em especiais como "Decamerão", "Ó paí, ó" e "As cariocas".

"Eu precisava ficar um tempo longe das novelas e fazer teatro (ela viajou com o espetáculo "Mais uma vez amor" no ano passado). "Bruna Surfistinha" também me fez zerar profissionalmente. Talvez eu tenha voltado a ter o mesmo prazer de interpretar que tinha aos 13 anos, na época de "Confissões de adolescente". Como não sou ambiciosa, nem comercial eu quis fazer enquanto rodava o filme, para me dedicar".

Já 2011 será de muito trabalho. Além de se envolver com o lançamento do longa, boa parte das energias da atriz estão voltadas para a novela das nove. O trabalho ainda tem lugar de destaque na vida da atriz, que sofre de rinite crônica e passou a se cuidar mais.

"Tive uma estafa no ano passado durante a turnê da peça. Só comia pizza e outras porcarias que me tiravam e sono e me davam um cansaço infinito. Não imaginava nenhuma coisa verde entrando na minha boca, mas fiz uma reeducação alimentar". Uma coisa não mudou. Deborah ama dormir. "Se não estou no trabalho, prefiro ficar na horizontal, quietinha", confessa a dorminhoca.
Os dois lados da fama
Alçada ao posto de celebridade desde que participou da sétima edição do "Big Brother Brasil" (em 2007), Fani Pacheco ainda escuta nas ruas o bordão "U-hu, Nova Iguaçu" - município onde morava -, popularizado por ela. A loura lançou livro, grife, fez participações na TV, peças de teatro, posou nua duas vezes e lucra até hoje com a fama conquistada no confinamento. Sentada na varanda de Deborah Secco, a ex-"BBB" descobre afinidades com Natalie Lamour. Na trama de "Insensato coração", a personagem surgiu na TV há três anos, no reality Volúpia na Montanha, e rebola para manter a fama.
Na novela, Natalie aceita até fazer presença vip em feijoada de quinta categoria para ganhar uns trocados. E é muito humilhada. Em um capítulo recente, foi assediada por um ricaço grosseirão.
"Eu sempre cobro os cachês dos eventos adiantado e levo uma assessora para evitar saia-justa. Mas escuto de tudo. Os comentários vão dos fofos aos pornôs", admite Fani: "Diziam para eu aproveitar os 15 minutos de fama, mas ainda não acabou. Criei a minha grife com medo de a minha vida de celebridade passar".
Com o roteiro da novela nas mãos, Deborah faz questão de esclarecer: "Natalie não teve a sorte de ir para o "BBB". Fani, pode dizer que a personagem não foi inspirada em você", garante a atriz, que não fez nenhum laboratório especial para a novela. "Quem é que não quer mudar de vida e ser famosa? Eu não me inspirei em ninguém em especial. Participo de eventos ao lado de pessoas que sempre querem aparecer mais e fico só observando. Vejo atrizes em eventos dizendo: "Isso não pode vazar.". Mas elas falam isso do lado dos jornalistas", ri.


Ciente de que sua fama já não é mais tão lucrativa assim, Natalie busca um homem rico para casar. Mas não pode ser qualquer um: o pretendente tem que ser bonito e solteiro, como o garanhão André Gurgel (Lázaro Ramos). "Natalie tem sua ética e diz: "Não topo filme pornô, michê e homem casado", diz Deborah. Fani dá risada e concorda: " Pô, parece comigo!" .

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=929323

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